Haddad: “não existe economia desenvolvida com esse tamanho de desigualdade”
Segundo o ministro, “voo de galinha” no crescimento econômico é causado pela desigualdades sociais
247 - Em entrevista ao portal Metrópoles, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à desigualdade social no Brasil e apontou a falta de renda como principal fator para o chamado “voo de galinha” do crescimento econômico — expressão usada para descrever momentos breves e instáveis de avanço na economia. As informações são do jornal O Globo.
“Não existe nenhuma economia desenvolvida com esse nível de desigualdade. Nós precisamos enfrentar isso se nós quisermos ter um crescimento sustentável. Fala-se de voo de galinha. O voo de galinha acontece porque as pessoas não têm renda. Não têm renda”, disse o ministro.
Segundo o ministro, a desigualdade brasileira não é apenas uma percepção interna, mas um dado concreto que se destaca negativamente no cenário internacional. “Estou dizendo aqui que o Brasil é mais desigual do que 47 países africanos, que a América Latina é o continente mais desigual do mundo. Nós estamos querendo corrigir”, declarou, mencionando um levantamento recente, encomendado por sua equipe, com dados de 54 países africanos. Apenas sete deles apresentaram índices de desigualdade superiores aos do Brasil.
Apesar de destacar que o país voltou a figurar entre as dez maiores economias globais, Haddad fez questão de frisar o contraste entre crescimento econômico e justiça social. “Nós devemos comemorar o fato de que, de novo, nós estamos entre as dez maiores economias do mundo, de novo com o governo Lula, mas nós continuamos entre as dez piores economias do mundo do ponto de vista da igualdade social, da distribuição de renda.”
Ao comentar as críticas de setores mais ricos da sociedade contra as políticas de redistribuição de renda, o ministro reagiu com veemência. “Como é razoável que 1% da população faça esse inferno na internet dizendo que nós estamos colocando ‘nós contra eles’? Nós quem? 99% contra 1%? Como assim? E contra por quê? Se eles não pagam nem o que nós pagamos, se eles pagassem pelo menos o que nós pagamos, 99% estava de boa. Mas não, esse 1% não quer pagar nem o que os 99% pagam. Então, a pergunta é: nós contra eles ou eles contra nós? O que está acontecendo no Brasil? Por que esse 1% tem tanta influência no país pagando menos do que os 99%?”, questionou Haddad.
Finalizando sua fala, o ministro da Fazenda fez um apelo para que o país enfrente seus problemas históricos com coragem e seriedade. “Olha, ou a gente começa a colocar o dedo nas feridas históricas do Brasil, eu estou falando de feridas de 500 anos.”
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