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Gabriel Galípolo diz que juro alto no Brasil tem efeito limitado e pede correção de distorções

Presidente do BC apontou entraves na transmissão da Selic e afirmou que solução para os desequilíbrios no sistema financeiro “não será simples”

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Durante palestra nesta terça-feira (8) na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), em Brasília, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a defender a urgência de "normalizar" a política monetária do Brasil. Ele destacou que o país ainda opera com taxas de juros elevadas e reconheceu que os instrumentos tradicionais da política monetária têm eficácia limitada diante de distorções específicas no sistema financeiro nacional.

“O tema que geralmente causa estranheza quando você conversa com economistas de outros países, especialmente banqueiros centrais, é como o Brasil convive com taxas de juros em patamar elevado e, ainda assim, consegue apresentar uma atividade econômica dinâmica”, afirmou Galípolo.

Segundo o presidente do BC, há evidências de que os mecanismos de transmissão da taxa básica de juros, a Selic, estão obstruídos. Ele citou como exemplo a modalidade do crédito rotativo, muito usada pelas famílias e cujas taxas — frequentemente acima de 300% ao ano — tornam-se praticamente insensíveis aos ajustes promovidos pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

“Subir a Selic de 10% para 15% tem basicamente o mesmo efeito para quem está pagando uma taxa de 300%. A sensibilidade é baixa”, explicou.

Subsídios e distorções no crédito

Galípolo também chamou atenção para a existência de subsídios cruzados e instrumentos financeiros que, segundo ele, fragilizam a eficácia das decisões do Banco Central. Um dos casos mencionados foi o de empresas que conseguem captar recursos com taxas inferiores às praticadas pelo Tesouro Nacional. Outro ponto citado foi o financiamento imobiliário atrelado à poupança, que possui rendimento inferior à própria Selic e vem apresentando queda estrutural em seu volume.

“Como desfazer algumas dessas distorções? Não será simples”, afirmou. “Nesse caso, não haverá uma bala de prata.”

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