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PSOL pede cassação de Eduardo Bolsonaro por traição à soberania nacional

Glauber Braga afirma que Eduardo “conspira contra o nosso país”

Eduardo Bolsonaro (Foto: Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O PSOL protocolou nesta sexta-feira (11) um pedido de cassação do mandato do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), sob a acusação de traição à soberania nacional. A iniciativa partiu após declarações do parlamentar, que sugeriu condicionar qualquer avanço nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos a uma “anistia ampla, geral e irrestrita” para os investigados por envolvimento nos atos golpistas de 2022.“O que esse sujeito está fazendo é conspirar contra o nosso país”, afirmou o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), ao anunciar o pedido de cassação.

A declaração de Eduardo, feita por meio da rede social X (antigo Twitter), ocorreu logo após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se reunir com o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, para tratar da elevação das tarifas sobre produtos brasileiros imposta pelos Estados Unidos.

Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu, pois isso já foi exaustivamente tentado no passado — e os americanos também já conhecem essas histórias”, escreveu Eduardo Bolsonaro, em linguagem agressiva que reforça a retórica golpista do bolsonarismo. A fala foi lida por parlamentares e analistas como uma chantagem política, sugerindo que o interesse nacional em resolver a crise comercial só avançaria se houvesse concessões jurídicas a favor dos aliados de Jair Bolsonaro.

Nos bastidores, a declaração de Eduardo foi vista com constrangimento até mesmo por aliados. O deputado se referiu ao Brasil como “regime”, expressão recorrente em discursos que deslegitimam as instituições democráticas brasileiras. Ao condicionar o bem-estar econômico do país a interesses políticos pessoais, ele abriu caminho para que opositores o acusem de submeter o Brasil a interesses estrangeiros.

A movimentação de Tarcísio de Freitas, por sua vez, ocorre em paralelo a essa ofensiva. Embora seja considerado o nome mais forte do bolsonarismo para 2026 após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, Tarcísio tenta se apresentar como figura moderada e negociadora. “Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”, afirmou o governador.

Apesar disso, sua disposição ao diálogo com o governo dos Estados Unidos gerou incômodo entre os bolsonaristas mais radicais. A ala mais ideológica teme que Tarcísio perca apoio se se afastar do discurso de confronto ao STF e às instituições democráticas. Por outro lado, uma adesão explícita às medidas protecionistas do presidente Donald Trump — que atualmente lidera os EUA em seu segundo mandato — pode custar caro junto ao agronegócio e ao mercado.

A tensão política e diplomática cresce no momento em que Trump, questionado sobre as tarifas, declarou que “não pretende discutir o tema com Lula por ora”, mas que “isso pode mudar no futuro”. O gesto foi interpretado como um aceno à ala bolsonarista no Brasil, ainda que com cautela.

A ofensiva internacional de Eduardo Bolsonaro, articulada a partir de solo americano, alimenta preocupações quanto ao uso de mandatos parlamentares para ações que, segundo críticos, ameaçam diretamente os interesses do Brasil. O pedido de cassação protocolado pelo PSOL pode acirrar ainda mais os embates no Congresso e abrir um novo capítulo na crise política que ainda reverbera desde os atos antidemocráticos de janeiro de 2023.

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