ONG acusa Chanel e Louis Vuitton de usarem couro ligado ao desmatamento na Amazônia
O relatório também questiona a eficácia dos selos de sustentabilidade utilizados por algumas dessas marcas
247 - Uma investigação da ONG britânica Earthsight trouxe à tona um escândalo envolvendo grandes marcas do setor de luxo. Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (27), grifes como Chanel, Louis Vuitton e Coach estariam utilizando couro proveniente de áreas da Amazônia brasileira associadas ao desmatamento ilegal e a violações de direitos territoriais indígenas. As informações são do portal Metrópoles.
Intitulado The hidden price of luxury (O preço escondido do luxo, em tradução livre), o relatório aponta que o couro utilizado por essas marcas é exportado do estado do Pará — uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento da floresta — e segue para a Europa, onde é processado por grandes curtumes italianos, como a Conceria Cristina e a Faeda. Após o processamento, o material é fornecido às grifes de alto padrão.Apesar de as marcas mencionadas negarem o uso de couro brasileiro, os investigadores da Earthsight afirmam ter rastreado toda a cadeia de produção, demonstrando o vínculo indireto das grifes com fornecedores ligados a práticas ilegais no Brasil. A Chanel, inclusive, admitiu ter encerrado a parceria com o curtume Faeda por ter “perdido a confiança em seu sistema de rastreabilidade”.
O relatório também questiona a eficácia dos selos de sustentabilidade utilizados por algumas dessas marcas. Um dos principais citados é o Leather Working Group, adotado pela Louis Vuitton, que, segundo a Earthsight, não oferece garantias concretas de que o couro é livre de desmatamento. Isso ocorre porque o sistema de certificação não exige o rastreamento do gado desde as fazendas de origem, o que abre brechas para o ingresso de material contaminado por práticas ambientais ilegais.A investigação acende o alerta sobre a vulnerabilidade da cadeia global de fornecimento de couro e o impacto que a indústria da moda de luxo ainda exerce sobre a destruição da Amazônia. Além do prejuízo ambiental, o relatório também destaca violações de direitos de comunidades indígenas, que frequentemente perdem territórios para a expansão da pecuária ilegal na região.
A Earthsight defende que as grifes adotem mecanismos de rastreamento mais rigorosos e transparentes, garantindo que o couro utilizado não esteja associado ao desmatamento ou a outras práticas ilegais. Até o momento, nenhuma das marcas citadas se pronunciou oficialmente após a divulgação do relatório.
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