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ONG acusa Chanel e Louis Vuitton de usarem couro ligado ao desmatamento na Amazônia

O relatório também questiona a eficácia dos selos de sustentabilidade utilizados por algumas dessas marcas

Agentes do Ibama inspecionam toras apreendidas na floresta amazônica durante operação de combate ao desmatamento, em serraria em Nova Califórnia, Rondônia 08/02/2025 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Laís Gouveia avatar
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247 - Uma investigação da ONG britânica Earthsight trouxe à tona um escândalo envolvendo grandes marcas do setor de luxo. Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (27), grifes como Chanel, Louis Vuitton e Coach estariam utilizando couro proveniente de áreas da Amazônia brasileira associadas ao desmatamento ilegal e a violações de direitos territoriais indígenas. As informações são do portal Metrópoles.

Intitulado The hidden price of luxury (O preço escondido do luxo, em tradução livre), o relatório aponta que o couro utilizado por essas marcas é exportado do estado do Pará — uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento da floresta — e segue para a Europa, onde é processado por grandes curtumes italianos, como a Conceria Cristina e a Faeda. Após o processamento, o material é fornecido às grifes de alto padrão.Apesar de as marcas mencionadas negarem o uso de couro brasileiro, os investigadores da Earthsight afirmam ter rastreado toda a cadeia de produção, demonstrando o vínculo indireto das grifes com fornecedores ligados a práticas ilegais no Brasil. A Chanel, inclusive, admitiu ter encerrado a parceria com o curtume Faeda por ter “perdido a confiança em seu sistema de rastreabilidade”.

O relatório também questiona a eficácia dos selos de sustentabilidade utilizados por algumas dessas marcas. Um dos principais citados é o Leather Working Group, adotado pela Louis Vuitton, que, segundo a Earthsight, não oferece garantias concretas de que o couro é livre de desmatamento. Isso ocorre porque o sistema de certificação não exige o rastreamento do gado desde as fazendas de origem, o que abre brechas para o ingresso de material contaminado por práticas ambientais ilegais.A investigação acende o alerta sobre a vulnerabilidade da cadeia global de fornecimento de couro e o impacto que a indústria da moda de luxo ainda exerce sobre a destruição da Amazônia. Além do prejuízo ambiental, o relatório também destaca violações de direitos de comunidades indígenas, que frequentemente perdem territórios para a expansão da pecuária ilegal na região.

A Earthsight defende que as grifes adotem mecanismos de rastreamento mais rigorosos e transparentes, garantindo que o couro utilizado não esteja associado ao desmatamento ou a outras práticas ilegais. Até o momento, nenhuma das marcas citadas se pronunciou oficialmente após a divulgação do relatório.

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