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Nova perícia no Brasil pode abrir caminho para investigação internacional sobre morte de Juliana Marins

Defensoria vê possibilidade de responsabilização por omissão no caso

Juliana Marins, turista brasileira morta durante trilha na Indonésia - 25/06/2025 (Foto: Reprodução/Instagram/@resgatejulianamarins)
Laís Gouveia avatar
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247 - Uma nova perícia no corpo da publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, poderá ser o primeiro passo para a abertura de uma investigação internacional sobre as circunstâncias da morte da jovem durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. A informação foi confirmada pela defensora pública Taísa Bittencourt, da Defensoria Regional de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, em entrevista à Folha de S.Paulo.

Juliana foi encontrada morta após se perder em uma trilha na região vulcânica da ilha de Lombok, no dia 25 de junho. A família dela solicitou formalmente uma nova perícia, desta vez conduzida no Brasil, com base na legislação e nos parâmetros técnicos brasileiros. O governo federal acatou o pedido e confirmou, nesta segunda-feira (30), que o exame será realizado assim que o corpo chegar ao país.

De acordo com a defensora pública, caso fique comprovada a falta de investigação ou responsabilização por parte das autoridades indonésias, o Brasil poderá abrir uma apuração própria, com base no princípio da jurisdição extraterritorial previsto no artigo 7º do Código Penal. "Já pedimos a instauração de um inquérito policial na Polícia Federal para apurar esse eventual cometimento de crime de omissão no abandono da vítima", afirmou Taísa.

A Polícia Federal ainda não se manifestou oficialmente sobre o pedido.

Apesar da expectativa da família, a defensora admite que os peritos brasileiros têm dúvidas sobre o que poderá ser constatado, devido ao avançado estado de deterioração do corpo. "Os peritos têm dúvidas se vão conseguir efetivamente constatar algo, considerando a deterioração. Mas é desejo da família fazer uma nova perícia com base nas normas e nas leis brasileiras para entender, na nossa cultura, o que efetivamente aconteceu", destacou.

Laudo preliminar e suspeitas de omissão

Um laudo preliminar divulgado por médicos legistas da Indonésia apontou que Juliana sofreu trauma contundente, com danos internos e hemorragia, e teria morrido cerca de 20 minutos após um dos impactos. A morte teria ocorrido entre os dias 24 e 25 de junho.

Entretanto, relatos da imprensa internacional e de voluntários envolvidos nas buscas indicam a possibilidade de que a brasileira tenha sobrevivido por até quatro dias, aguardando socorro. Essa hipótese reforçou as suspeitas de omissão por parte dos responsáveis pelo resgate e pela segurança no parque nacional onde o acidente ocorreu.

"A perícia lá fora foi feita com base em outros critérios, outra legislação, e não sabemos ao certo nem quais parâmetros técnicos foram utilizados", alertou Taísa.

Procedimentos no Brasil

O corpo de Juliana chegou ao Brasil nesta terça-feira (1º), em voo da Emirates Airlines, e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, onde será realizada a nova perícia, com acompanhamento da Polícia Federal e da Polícia Civil.

A audiência para definir os detalhes do procedimento foi solicitada pela Defensoria Pública da União e ocorreu ainda nesta terça. A família Marins, com apoio do Gabinete de Gestão Integrada da Prefeitura de Niterói, aguarda o resultado da perícia como um passo fundamental para esclarecer as circunstâncias da morte.

"Acreditamos no Judiciário Federal brasileiro e esperamos uma decisão positiva nas próximas horas", escreveu a irmã de Juliana, Mariana Marins, em publicação nas redes sociais.

Possível encaminhamento a instâncias internacionais

Caso fique comprovada omissão grave, o caso pode ser levado a organismos internacionais de direitos humanos. "Pode ser que isso vá para uma comissão internacional de direitos humanos, se constatado que ela ficou lá quatro dias sofrendo, sem receber o devido socorro", afirmou a defensora.

Enquanto isso, as autoridades indonésias também prosseguem com as investigações. Segundo a polícia de Lombok, quatro pessoas já foram ouvidas, incluindo organizadores do passeio, guias e um policial florestal responsável pela segurança do Parque Nacional do Monte Rinjani. A possibilidade de falhas ou negligência no resgate está entre os pontos em apuração.

A família de Juliana, por sua vez, segue em busca de respostas e espera que a nova perícia no Brasil ajude a trazer clareza e justiça ao caso que comoveu o país.

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