Hugo Motta usa jatinho da FAB para evento privado em Lisboa e levanta questionamentos

247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a Lisboa, em Portugal, com o objetivo de participar de um evento de caráter privado: o 13º Fórum de Lisboa, informa Malu Gaspar, do jornal O Globo.

O evento, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), é voltado à discussão de temas ligados à chamada “Era Inteligente” e reúne autoridades, acadêmicos e representantes da sociedade civil do Brasil e da Europa. Embora conte com a presença de figuras públicas de alto escalão, como os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, a participação é considerada de natureza não oficial — todos os magistrados, inclusive, se deslocaram em voos comerciais com passagens custeadas pela própria organização.

Diferente dos demais convidados, Hugo Motta recorreu a um avião oficial do Grupo de Transporte Especial (GTE) da FAB para realizar o trajeto. A aeronave utilizada foi um VC-99B, modelo Embraer Legacy 600, com matrícula FAB2585, que decolou de Brasília na madrugada de 1º de julho. O voo incluiu uma parada para reabastecimento na Ilha do Sal, em Cabo Verde, antes de pousar no Aeroporto Internacional de Lisboa, detalhou o portal Aeroin.

Segundo a plataforma AirNavRadar, que rastreia aeronaves em tempo real, a viagem de Motta ocorreu recentemente, o que impede ainda a divulgação da lista oficial de missões do GTE — essa publicação é feita com atraso de até uma semana, por questões de segurança institucional. Até o momento, a Câmara dos Deputados não comentou o caso nem informou quem acompanhava o parlamentar na viagem.

O Fórum de Lisboa, apesar de contar com a presença de representantes do poder público, cobra entrada no valor de R$ 800 para profissionais e público em geral. Estudantes e profissionais de imprensa têm acesso mediante cortesias, mas essas são limitadas. O uso de recursos públicos para participar de uma agenda privada levanta debates sobre o uso adequado de aeronaves oficiais e critérios para autorização de voos pela FAB.