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Endividamento cresce, mas inadimplência segue estável, aponta CNC

Crescimento é puxado por dívidas de curto prazo entre famílias de classe média, enquanto inadimplência permanece em 29,5%

(Foto: ABr)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Segundo a edição de junho da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira (3) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a proporção de brasileiros endividados aumentou pelo quinto mês consecutivo. Apesar do avanço, a inadimplência permaneceu estável em relação ao mês anterior, ainda que acima dos níveis registrados há um ano.

Conforme os dados apresentados, o percentual de consumidores com algum tipo de dívida subiu de 78,2% em maio para 78,4% em junho. Embora o número esteja abaixo do registrado em junho de 2024 (78,8%), trata-se de uma sequência de altas mensais iniciada em fevereiro. A CNC atribui o movimento à maior contratação de dívidas de curto prazo, especialmente entre famílias da classe média.

Famílias evitam dívidas longas, mas crescem as que se sentem "muito endividadas"

Apesar da elevação na proporção de endividados, a taxa de inadimplência – ou seja, o percentual de consumidores com contas em atraso – permaneceu em 29,5% entre maio e junho, mas segue superior ao índice de junho de 2024 (28,8%). Da mesma forma, a parcela de inadimplentes que afirmam não ter condições de quitar seus débitos ficou em 12,5%, estável em relação ao mês anterior, porém acima dos 12% registrados há um ano.

Outro dado relevante da pesquisa é a redução, pelo sexto mês consecutivo, do comprometimento com dívidas de longo prazo. Em junho, 32,2% dos endividados tinham compromissos com prazo superior a 12 meses – o menor patamar desde março de 2023. A maioria das dívidas agora se concentra em prazos de até seis meses, indicando, segundo a CNC, uma tendência de tomada de crédito com vencimento mais curto.

“Os consumidores estão preocupados com os custos de prolongar dívidas”, avaliou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Esse comportamento revela uma postura mais consciente diante do crédito mais caro, em meio a um cenário em que a inflação permanece pressionando o orçamento doméstico. Esses fatores podem limitar a recuperação do consumo nos próximos meses”, afirmou Tadros em nota oficial.

Ainda assim, um sinal de alerta foi identificado: cresceu a fatia de consumidores que se consideram “muito endividados”, passando de 15,5% para 15,9% entre maio e junho.

Classe média lidera crescimento do endividamento

A análise por faixa de renda revelou que o avanço do endividamento foi puxado pelas famílias com rendimento mensal entre três e cinco salários mínimos. Nesse grupo, a parcela de endividados aumentou de 80,3% para 80,9%, no maior crescimento registrado entre as quatro faixas analisadas pela CNC. O percentual também supera a média nacional, tornando essa categoria a mais endividada do país atualmente.

O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, alertou que o endividamento tende a aumentar nos próximos meses: “A tendência é que até o fim do ano esse número suba ainda mais”. Segundo ele, há possibilidade de que a inadimplência volte a subir. “A CNC projeta famílias mais endividadas em até 2,5 pontos percentuais e mais inadimplentes em 0,7 ponto percentual. O cenário exige atenção, especialmente com o impacto de novos programas de crédito do governo”, concluiu Bentes.

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