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Em depoimento à PF, Mauro Cid nega uso de Instagram para falar sobre delação premiada

Durante depoimento à Polícia Federal, Cid reafirmou que não discutiu sua delação, mas novos registros podem comprometer sua versão

Mauro Cid - 09/06/2025 (Foto: Ton Molina/STF)
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247 - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), voltou a negar, em depoimento à Polícia Federal, que tenha utilizado um perfil no Instagram para falar sobre sua delação premiada, o que configuraria uma violação do sigilo do acordo no âmbito da ação penal sobre um suposto plano de golpe de Estado. O militar é delator em uma investigação que apura uma tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. O depoimento foi prestado na tarde de terça-feira (25). As informações são do jornal O Globo.

Em uma primeira oitiva, há duas semanas, Cid já havia negado conversas sobre sua delação com o advogado Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro. O caso envolve a tentativa de desestabilizar o resultado das eleições de 2022, com Cid e Bolsonaro sendo apontados como integrantes do que seria o "núcleo crucial" da organização golpista, enquanto Câmara integra o "núcleo dois".

Na segunda-feira (23), a Meta, empresa dona do Instagram, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício detalhando informações sobre a conta do militar. O documento revelou que o perfil foi registrado em 2005 com o e-mail "[email protected]" e com a data de nascimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A Meta também forneceu os endereços de IP dos dispositivos que acessaram o perfil.

Durante o interrogatório de Cid no STF, em 9 de junho, o advogado de defesa de Bolsonaro, Celso Vilardi, questionou o tenente-coronel sobre o uso de sua conta no Instagram para tratar da delação. Cid negou a interação e, ao ser questionado sobre um perfil com o nome de "GabrielaR702", afirmou que Gabriela era o nome de sua esposa, mas não soube afirmar se o perfil era de fato dela.

Na sequência, a revista Veja publicou mensagens atribuídas a esse perfil, que supostamente tratavam de detalhes da delação de Cid. Os advogados do tenente-coronel, por sua vez, negaram que ele fosse o autor das mensagens e solicitaram que a conta fosse investigada. O ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido e determinou que a Meta entregasse os dados do perfil.

No entanto, na semana passada, o advogado Eduardo Kuntz, que representa Marcelo Câmara, informou ao STF que havia sido ele quem conversou com Cid por meio dessa conta no Instagram e apresentou novas mensagens que reforçam essa versão.

Em meio a essas revelações, Moraes determinou a prisão de Câmara e o início de investigações contra ele e o advogado Kuntz, por suposta obstrução da Justiça. "São gravíssimas as condutas noticiadas nos autos, indicando, neste momento, a possível tentativa de obstrução da investigação, por Marcelo Costa Câmara e por seu advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, que transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado", afirmou o ministro em sua decisão.

Os dados entregues pela Meta também indicaram uma conversa entre Kuntz, o perfil "GabrielaR702" e Paulo Amador Cunha Bueno, um dos advogados da equipe de defesa de Bolsonaro, que deve ser investigada.

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