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Carta prova que 'Bolsonaro não vale nada': 'ele foi usado por Trump', avaliam ministros de Lula

Avaliação do governo federal é de que Bolsonaro foi usado como pretexto pelo presidente dos EUA para abrir uma negociação comercial com o Brasil

Lula e Donald Trump (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Brendan McDermid)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Um trecho da carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciando a imposição de tarifas a produtos brasileiros, foi interpretado por ministros do governo brasileiro como evidência de que Jair Bolsonaro (PL) foi apenas “usado” como pretexto na medida, informa Igor Gadelha, do Metrópoles.

Embora a avaliação predominante entre os ministros tenha sido negativa em relação ao conteúdo da carta, um ponto específico do texto foi recebido como positivo nos bastidores. Trata-se do último parágrafo da correspondência, em que Trump sinaliza disposição para negociar com o Brasil, condicionando um eventual recuo das tarifas à abertura do mercado brasileiro aos produtos norte-americanos.

“Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América”, diz o trecho final da mensagem.

Nos bastidores do Palácio do Planalto, a leitura feita por um dos ministros próximos a Lula, em declaração sob reserva, é de que o republicano usou Bolsonaro como peça retórica. “Esse parágrafo mostra que, no fundo, o Trump quer negociar. Que o Bolsonaro não vale nada, ele foi usado apenas como um instrumento”, avaliou o integrante do primeiro escalão.

Bolsonaro citado como vítima - A carta, enviada por Trump diretamente a Lula, começa com uma defesa enfática do ex-presidente brasileiro. O chefe da Casa Branca critica o julgamento de Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, e chega a classificar a situação como uma “vergonha internacional”.

Segundo o presidente norte-americano, a nova tarifa, que passará a valer em 1º de agosto, é motivada “em parte” por supostos ataques à democracia brasileira e violações à liberdade de expressão nos Estados Unidos, promovidas — segundo ele — pelo Judiciário brasileiro.

“Ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”, escreveu Trump, que acusa o Supremo Tribunal Federal do Brasil de ter tomado decisões “ilegais” contra empresas e plataformas de mídia social norte-americanas.

Pressão comercial disfarçada de solidariedade - Nos círculos políticos de Brasília, a percepção dominante é que a carta foi cuidadosamente construída para misturar defesa pessoal de Bolsonaro com pressão econômica sobre o Brasil. O pano de fundo da medida seria o interesse do governo norte-americano em garantir maior acesso ao mercado brasileiro, especialmente em um momento de reconfiguração das relações comerciais globais.

A retórica de Trump, na visão de integrantes do governo Lula, serve como cortina de fumaça para justificar o tarifaço. A menção a Bolsonaro no início da carta serviria mais para agradar a base política de direita e reforçar alianças ideológicas do que como motivação real da medida comercial.

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