Alcolumbre e Hugo Motta se calam após Trump anunciar sobretaxa contra o Brasil
Presidentes do Senado e da Câmara não comentaram ofensiva de Donald Trump, que impôs tarifa de 50% e atacou decisões do STF
247 - As principais lideranças do Congresso Nacional permaneceram em silêncio diante da ofensiva comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Nesta quarta-feira (9), Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que veio acompanhada de críticas diretas ao Judiciário brasileiro e menção a Jair Bolsonaro (PL).
Apesar da gravidade do anúncio, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), optaram por não se pronunciar publicamente, informa a Folha de S. Paulo. Motta chegou a conduzir os trabalhos no plenário da Câmara durante o dia, mas evitou comentar o assunto, mesmo após ser procurado por jornalistas. Alcolumbre, por sua vez, não participou da sessão no Senado, mas estava em Brasília e também se manteve em silêncio.
Trump mira Brasil em defesa de Bolsonaro - Na carta enviada ao governo brasileiro, Trump afirmou que a decisão de sobretaxar o Brasil se deve, em parte, aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”. O documento foi devolvido oficialmente pelo governo brasileiro.
A tarifa de 50% foi a mais alta entre as 21 medidas protecionistas anunciadas nesta semana por Trump. O republicano justificou a medida alegando preocupação com decisões judiciais brasileiras que, segundo ele, limitam a atuação de plataformas digitais.
Em resposta à medida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, conversaram por telefone no início da noite. De acordo com interlocutores, ficou decidido que as reações oficiais do Brasil serão conduzidas pelo Executivo, com foco no Palácio do Planalto, Itamaraty e outros órgãos do governo.
Nos bastidores, ministros do STF afirmaram que não pretendem se pronunciar publicamente neste momento, por considerarem que a atitude de Trump tem natureza política e não impacta diretamente os processos em curso no tribunal.
Reações no Congresso - Durante o dia, a decisão de Trump gerou intensos debates entre parlamentares. Aliados do governo Lula apontaram Bolsonaro como responsável por mais um episódio de desgaste internacional do Brasil. Já deputados bolsonaristas culparam a política externa do atual governo, acusando-o de gerar atritos com os Estados Unidos.
A bancada ruralista, representada pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR) e pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente do grupo e ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, divulgou nota em que manifesta preocupação com os impactos da nova tarifa sobre o agronegócio. “A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, alertou a nota, que defende uma resposta “firme e estratégica”.
Lula responde: “Brasil é soberano” - À noite, Lula se pronunciou pelas redes sociais e por meio de nota oficial do Palácio do Planalto. O presidente reafirmou a soberania do Brasil e o respeito às instituições nacionais: “o Brasil é um país soberano, com instituições independentes e não aceitará ser tutelado por ninguém”.
A nota também rebate a tentativa de interferência de Trump no processo judicial que envolve Bolsonaro, réu no Supremo por liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, afirmou Lula.
Por fim, o presidente destacou a diferença entre liberdade de expressão e disseminação de violência: “no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”.
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