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Estudo mostra que veículo movido a biometano emite menos CO₂ do que carro elétrico

Nota técnica da Empresa de Pesquisa Energética revela que o biometano pode emitir até 2,5 vezes menos CO₂ do que a eletricidade no transporte rodoviário

(Foto: Agência Brasil )
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247 - A eletrificação dos transportes é frequentemente apontada como o caminho mais promissor para a redução de emissões, mas um novo estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), traz uma perspectiva diferente. Segundo a nota técnica “Descarbonização do setor de transporte rodoviário – Intensidade de carbono das fontes de energia”, divulgada recentemente, veículos movidos a biometano são, em média, até duas vezes e meia mais eficientes na redução de CO₂ do que os elétricos.

Baseada na metodologia de avaliação do ciclo de vida – que considera todas as etapas, da produção ao consumo –, a análise revela que a intensidade de carbono do biometano é significativamente inferior à da eletricidade utilizada nos veículos elétricos. De acordo com o levantamento, o biometano registrou, em 2024, uma média de 8,35 gramas de dióxido de carbono equivalente por megajoule (gCO₂eq/MJ). Esse desempenho é sustentado por certificações do Programa RenovaBio e pela operação de unidades com 100% de elegibilidade para geração de Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Produzido a partir da purificação do biogás proveniente de resíduos agropecuários e urbanos, o biometano é um combustível renovável e pode ser transportado por dutos já existentes de gás natural, o que reduz custos logísticos. Além disso, sua produção descentralizada permite que seja gerado próximo ao ponto de consumo, favorecendo frotas comerciais e ampliando o acesso à energia em regiões mais afastadas.

A nota técnica foi elaborada para apoiar decisões do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), especialmente na definição de metas do Programa Mover. A iniciativa está alinhada à recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro (14.993/2024), que promove a transição para uma mobilidade de baixa emissão de carbono, integrando combustíveis sustentáveis e novas tecnologias à matriz energética nacional.

Segundo a EPE, o mercado brasileiro de biometano está em expansão. Até abril de 2025, 12 unidades produtoras já estavam autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com os investimentos em curso, outras 35 usinas devem entrar em operação até 2027, elevando a capacidade instalada para mais de 2,1 milhões de metros cúbicos diários.

O estudo também traça projeções de intensidade de carbono para outros combustíveis até 2034, como gasolina, diesel, etanol, biodiesel e eletricidade. As estimativas levam em conta a evolução tecnológica e a adoção de boas práticas na cadeia produtiva, reforçando o conceito “poço-à-roda”, que considera as emissões de gases de efeito estufa desde a extração ou produção da energia até seu consumo final.

Com esses dados, a EPE pretende contribuir para um debate mais amplo e técnico sobre as alternativas energéticas no transporte, destacando o potencial do biometano como solução estratégica para a descarbonização do setor no Brasil.

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