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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Xi Jinping favorece Trump contra Lula ao não vir ao BRICS

Certamente, Washington dobrará pressões

Rosângela Lula da Silva, Lula, Xi Jinping e Peng Liyuan (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente chinês, Xi Jinping, estaria ou não cometendo erro estratégico ao não comparecer à reunião dos BRICS, na próxima semana, presidida pelo presidente Lula?

Também, será sentida a ausência do presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas esta tem justificativa compreensível, porque ele poderia ser preso por ordem do Tribunal Penal Internacional, sob acusação de sequestros de crianças ucranianas, na guerra na Ucrânia.

Igualmente, não comparecerá o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, provavelmente, solidário com a decisão dos seus dois maiores aliados na agressão dos Estados Unidos contra seu país, para evitar a derrota de Israel para os iranianos.

Sem esses três importantes integrantes do BRICS, formado por 11 países( Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia), a reunião mais importante do bloco, em 2025, esvazia-se, politicamente.

TRUMP SE FORTALECE

A consequência óbvia desse esvaziamento político, que enfraquece Lula, é o fortalecimento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que considera o BRICS principal perigo à desestabilização do dólar nas relações de trocas internacionais.

Justificativas para as importantes ausências de Xi Jinping: conflito de agendas.

Trata-se de algo questionável, porque não haveria, por suposto, fato internacional mais relevante do que a reunião dos BRICS, considerado força internacional emergente que supera em poder econômico efetivo o G7, graças ao peso da China como nova potência mundial que ameaça a hegemonia americana.

Sobram especulações.

Jinping e Putin não estariam, segundo bastidores diplomáticos, chateados com Lula pelas suas recentes posições:

1 – compareceu à reunião do G7, adversário do BRICS, como convidado, no Canadá;

2 – em terras canadenses, campo minado para China e Rússia, encontrou com o presidente bastardo da Ucrânia, Volodimir Zelenskyy, adversário de Putim e de Xi;

3 – não convidou a Venezuela – aliada da Rússia e da China, detentora da maior reserva mundial de petróleo – para a reunião dos BRICS, de modo a não se incompatibilizar com Washington, e;

4 – Lula declarou, na França, onde esteve, recentemente, que discorda da justificativa da Rússia de ter entrado na guerra contra Ucrânia por razões preventivas.

Está, no ar, portanto, em véspera da importante reunião, no Rio de Janeiro, na próxima semana, a rede de intriga internacionais, dando conta de que Lula tem sido mais propenso ao bloco ocidental, liderado por Trump, de quem manteve distância protocolar, do que de Xi Jinping e de Putin, ao longo desse ano.

Mais: o líder chinês estaria descontente com Lula, pelo fato de que o líder brasileiro recepcionará, com visita de chefe de estado, o presidente da Índia, cujas relações com a China estão trincadas, por fatores, historicamente, conhecidos, em decorrência de disputas de fronteiras.

Não pegaria bem, do ponto de vista chinês, a deferência à liderança maior indiana, enquanto a chinesa estaria relegada a segundo plano, durante o encontro dos BRICS.

MULTILATERALISMO X UNILATERALISMO

Enfim, são conjecturas que poderão ou não ser removidas, dependendo das posições que o BRICS, sob liderança de Lula, adotará, para marcar presença forte no cenário nacional, no momento em que Donald Trump, como chefe do império americano, embalado por discurso de ultradireita, agressivo à democracia, ameaça o multilateralismo como alternativa ao unilateralismo imperialista americano.

O fato, no entanto, é que, sem a presença dos importantes líderes, chinês e russo, ao encontro internacional, o presidente Lula sofre desgaste político, especialmente, diante da ausência de Xi Jinping.

Do ponto de vista de Washington, Lula está, politicamente, enfraquecido como presidente rotativo do BRICS, o que justificaria empenho americano para fazer carga contra ele, de modo que priorize as relações com Estados Unidos e não com China e Rússia.

Sintomaticamente, nesta segunda-feira, surge notícia veiculada na revista The Economist, de que Lula perde prestígio internacional, por estar abandonando o ocidente, enquanto, da mesma forma, encontra-se desgastado, esvaziado, internamente, conforme pesquisas de opinião etc.

SOB ATAQUE DA DIREITA E ULTRADIREITA

Portanto, seria ou não oportuna a presença do líder chinês, como contraponto às pressões de Washington, que se acumulam contra o líder brasileiro, que enfrenta resistências da direita e ultradireita pró-Trump, no Congresso, para inviabilizar o governo minoritário, no parlamento?

Não há como deixar de concluir que a ausência de Jinping expõe divergências inconvenientes – não explícitas, claramente – dentro do BRICS, que a diplomacia imperialista aproveitará para faturar.

Certamente, Washington dobrará pressões, fortalecendo as correntes políticas internas, pró-direita e ultradireita, anti-Lula, que entra em ritmo de campanha eleitoral, em defesa da aprovação de iniciativas políticas, favoráveis à melhor distribuição da renda nacional, contra a qual os adversários se unem para derrotar o chefe do governo.

Deixando Lula só, na reunião do BRICS, Xi Jinping favorece os adversários internos e externos, que se unem para evitar a reeleição lulista, o que, se vier acontecer, prejudica o próprio BRICS, visto que Trump comanda a direita e ultradireita, no Brasil, para distanciá-lo da China e da Rússia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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