Tarifa Bolsonaro é o preço da traição
Eduardo Bolsonaro comemorou a retaliação dos EUA e chamou tarifa de “Moraes”, mas até empresários bolsonaristas já sentem os prejuízos
Onde Bolsonaro mete a colher, o Brasil sai perdendo. A última prova disso veio com o anúncio de uma tarifa absurda de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos — medida incentivada por Eduardo Bolsonaro, diretamente do seu exílio dourado em território norte-americano.
E o que isso significa? Significa que a economia brasileira, já afetada por instabilidades globais e internas, agora perderá bilhões em exportações. O agronegócio — aquele mesmo que fez campanha de trator pelo mito — será duramente atingido, principalmente nas negociações de carne e café, produtos líderes na nossa pauta comercial com os EUA. Na realidade, a tarifa que passa a vigorar a partir de 1º de agosto atinge em cheio toda uma cadeia produtiva, com impacto direto em empresas, empregos e na balança comercial.
Em atitude criminosa de lesa-pátria, Eduardo Bolsonaro articulou e comemorou a retaliação estadunidense como se fosse um troféu. Escreveu carta agradecendo a Trump e nomeando a taxação de “tarifa Moraes”, num ataque direto ao Supremo Tribunal Federal. Mas sua estratégia não colou, porque o nome correto de mais esse golpe é “tarifa Bolsonaro”. Foram eles que cutucaram o vespeiro. E agora, até empresários bolsonaristas estão batendo cabeça e contabilizando os prejuízos.
Na carta, Trump não mediu as palavras e foi categórico ao afirmar que a tarifa era uma retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral. Ou seja, para tentar proteger o pai, o deputado licenciado ajudou a enfiar uma faca nas costas do Brasil. Um patriotismo ao contrário — que aplaude sanções estrangeiras e prejudica o próprio povo.
Enquanto isso, o presidente Lula se recusou a ceder. “Se eles cobrarem 50% da gente, a gente cobra 50% deles”, disse o mandatário brasileiro ao afirmar que o Brasil é soberano, e que essa relação comercial tem que ser de igual para igual. Ainda mais quando se trata de um país como os EUA, para quem o Brasil historicamente mais compra do que vende. Dá para responder, negociar e manter a cabeça erguida.
E para quem está assustado com o impacto nos eletrônicos ou nos iPhones da vida, vale reforçar que quase tudo já vem da China mesmo. Os próprios chineses não demoraram a esfregar na cara do mundo que são eles que fabricam a maioria dos produtos das marcas americanas. Então, se for para taxar, há alternativas — o que não dá é para aceitar calado um ataque tarifário promovido por quem se diz patriota, mas age como inimigo interno.
Eduardo Bolsonaro não é só um político de extrema direita. Ele é, hoje, um risco concreto à integridade econômica e institucional do Brasil. Sua conduta precisa, sim, ser investigada com rigor. E sua possível cassação deve ser discutida como um passo necessário para mostrar que nossa democracia não tolera sabotagem.
O bolsonarismo não se cansa de tentar transformar o Brasil em palco de guerra ideológica. Mas agora o feitiço virou contra o feiticeiro. A base que ajudou a eleger Bolsonaro está começando a sentir no bolso o que é apoiar um projeto político que só tem compromisso com a autoproteção da família e dos próprios interesses.
Se o mito virou prejuízo, que fique a lição de que o Brasil não pode ser governado a partir de ressentimentos, fanatismo e subserviência a potências estrangeiras.
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