O homem amarelo
Na ilusão de poder absoluto, um bufão dourado manipula o mundo como brinquedo e afronta a democracia com ameaças, tarifas e estupidez calculada
Na solidão branca da casa, o homem amarelo deita por sobre sua mesa de trabalho, toma em suas mãos uma bola representativa do globo terrestre e, tal qual Adenoid Hynkel, a manuseia para lá e para cá, como se o mundo fosse seu. No vazio do salão ovalado, o homem amarelo sabe o quanto é insignificante. Não importa quantos mísseis seus fantoches possam disparar contra pessoas indefesas, assassinando crianças famintas; assim como não vem ao caso o tamanho do seu arsenal (Freud explica). Nada disso faz diferença, pois ninguém o leva a sério. Como um menino mimado, dono da bola, o homem alaranjado acha que pode acabar o jogo na hora em que bem desejar, nem que para isso tenha que perpetrar mais um genocídio.
Entre uma sessão e outra de bronzeamento artificial, ele sabe que o mundo apenas suporta a figura grotesca que é, da mesma maneira que os demais meninos, enojados, suportam os donos da bola. Possuir a bola não faz de ninguém um craque, muito menos faz do mundo um campo de várzea. Muitas vezes, o dono da bola é apenas um idiota que pode comprar uma bola. E o que lhe resta é jogar com outros imbecis que sabem, como poucos, tirar proveito das estultices de outro imbecil.
Incapaz de encantar o mundo com discursos e ações transformadoras, o homem amarelo (por favor, não confundir com “O Homem Amarelo”, da Anita Malfatti, e nem com o Dj jamaicano Yellowman) se reduz àquilo que sempre foi, um déspota minimamente esclarecido, um bufão que acredita piamente que sua palavra é lei e, ignorando a ordem mundial, acha que pode casar e batizar quando e onde quiser, atacando a soberania de países cujos líderes não lhe dizem amém. Em represália, o homúnculo amarelo desanda a vomitar impropérios e, do alto da sua estupidez, dá pitacos, inclusive, no sistema judiciário de outros países, como se o seu fosse um grande exemplo de democracia e liberdade, coisa que nunca foi. Está aí o professor Chomsky, que não me deixa mentir.
Em tempos de pós-verdade, fake news e outras absurdetes, a canalhice, a estupidez e antipolítica assumiram o protagonismo em muitos países e não raro assistimos, por exemplo, parlamentares eleitos democraticamente tomando decisões que atentam contra o Estado Democrático de Direito (é assim que as democracias morrem?). Esse tipo de descompasso legal não é privilégio somente do Legislativo, mas também do Judiciário e do Executivo. Dependendo do país, a coisa só piora. Há países, inclusive, onde as prerrogativas do Presidente da República, como a emissão de decretos, são atropeladas pelo Legislativo como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Isso, só para dizer que não falei das emendas parlamentares, aqueles caudalosos rios de dinheiro nos quais os políticos-tio patinhas nadam de braçadas e, a seu bel prazer, legislam em nome dos ricaços, enquanto os mais pobres ardem no último círculo da miséria. E é claro que Huguinho, aquele neto do Donald, nem se importa!
Mas saiamos do mundo das HQ e voltemos à realidade do reino sombrio do “todo poderoso” homem amarelo, aquele lugar que abriga alguns criminosos bastante conhecidos na “Terra Brasilis”, pois é de lá que ele planeja minunciosamente quem será bombardeado, exterminado ou receberá apenas uma carta (sim, uma carta!) na qual consta a porcentagem da extorsão que sofrerá. Como essa prática medieval não funcionou com a China, então tem-se que tratar com mão de ferro países como Laos, Sri Lanka, Líbia, Iraque, Argélia, Moldávia e Brunei. Tarifar Laos e Myanmar em 40% e Sri Lanka em 30% é praticamente decretar-lhes uma sentença de morte comercial. Por sua vez, tarifar o Brasil em 50% é uma forma de punição política por este está levando parte da sua bandidagem golpista às barras da lei. “Como assim, vocês ousam julgar nosso bandido de estimação”, teria pensado o homem amarelo. Como tudo se encaminha para o facínora ser condenado, então haja tarifa, sem a menor preocupação da quebradeira econômica que isso resultará para ambos os países envolvidos, embora o Brasil mais compre que venda.
Enquanto vive seu sonho, um misto de paranoia e mistificação, o homem amarelo regurgita coisas sem sentido como: “O Brasil não tem sido bom conosco, nada bom”, como se eles tivessem sido bons quando, por exemplo, apoiaram a ditadura de 64, que trucidou milhares de brasileiros e brasileiras ou quando também foram “bons” com seus indígenas, imigrantes de países pobres, estudantes estrangeiros, os negros, a comunidade LGBT, o Vietnã, Cuba, Iran, Palestina, Japão e 90% do planeta.
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