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Ivan Rios

Sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor, membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina, graduando em Direito, militante dos Movimentos de Promoção, Inclusão e Difusão Cultural no Estado da Bahia

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Moral da história? Veio o fim do mundo… e o Palmeiras continuou sem Mundial

Uma crônica do fim do mundo

(Foto: Gerada por IA)

Alto lá… Antes que venham com “sete pedras nas mãos” (não venha de garfo porque aqui é sopa), pelo título dessa crônica, devo dizer: sou palmeirense, com orgulho — tal como passo a descrever, com lágrimas nos olhos."No princípio era o fim: a crônica de uma final apocalíptica" - No exato momento em que concluo esta crônica, há rumores de que os EUA acaba de atacar bases nucleares do Irã, mergulhando de vez nossa realidade numa espiral de vislumbres apocalípticos…

Não sei se esta crônica é uma profecia ou um aviso do além, mas como bom palmeirense — desses que já viu o zagueiro Klebão ser herói e o goleiro Marcos parecer um semideus — só me restou rir. Não aquele riso leve de quem ainda tem esperança. Mas o riso perplexo e fascinado de Nietzsche encarando o abismo, com uma camisa alviverde e o amargor de batalhas quase vencidas.

Porque, às vezes, é isso: a única lucidez possível (e cabível) é o deboche. A única transcendência alcançável é rir de si mesmo antes que o universo gargalhe de todos nós com sua ironia final — uma gargalhada cósmica que só os deuses do VAR poderiam imaginar.

Era 13 de julho de 2025. Gravem bem esse número revelador e cabalístico. Um domingo. O último domingo. E Deus, num surto criativo entre David Lynch e Tarantino, decidiu encerrar a partida da existência com o espetáculo mais inacreditável da história: a final do Mundial de Clubes entre Palmeiras e Flamengo, no MetLife Stadium, Nova Jersey, EUA, o alvo do “resto do mundo” dito incivilizado.

Sim, no coração do Império Maldito, enquanto a humanidade implodia em ciclos viciosos de estupidez — após a escalada estratosférica dos conflitos no Oriente Médio (Irã, Israel e Gaza), com direito a Rússia e China no elenco — uma falsa diplomacia bélica sustentava, por milagre ou deboche divino, a frágil linha que permitia que o evento acontecesse.

Lembro-me que o Rei Pelé conseguiu a façanha de fazer parar uma guerra na África para que os humanos pudessem assisti-lo. E assim, a bola rolou. E como rolou. Como que desses milagres que só os deuses do futebol são capazes de promover, a final do mundial foi assegurada.

Contraditoriamente, a quarta reencarnação do demônio, Donald Trump, agora um holograma insano com dívidas cósmicas e um botão nuclear no peito, discursava em caixa alta sobre a “PAZ MUNDIAL”, enquanto ogivas cochichavam segredos mortais, apontadas para todos os cantos: Irã, Rússia, China, Europa… e, dizem, até para uma terra de um povo contente e desavisado chamada Brasil. Mas ninguém notava. Todos olhavam para a bola.

Porque o jogo era perfeito.

Palmeiras 6 x 6 Flamengo - No tempo normal.

Gols de trivela, olímpico, bicicleta, de bunda, de calcanhar e até um de pura telepatia — sim, gol mental de Santo Estevão, retransmitido via Neuralink direto para a bandeirinha. Validado pelo VAR com base em ondas cerebrais. Foi um golaço. Inexplicável. Irrefutável. Inútil, mas foi útil, foi validado, foi gol e tenho dito… É o que importa.

E então, aos 119 minutos da prorrogação, com o tempo esticando sua última veia de esperança, Richard Ríos, um colombiano, camisa 8, místico acidental. Chutou como quem queria atingir o gol, o céu e a eternidade.

GOOOOOOOOL!!!

7 a 6 para o Verdão.

O banco explodiu. Abel Ferreira correu desnorteado como Forrest Gump na direção do nada. O juiz olhou para o céu, talvez em busca de alguma aprovação metafísica. O mundo segurou o fôlego.

Três… dois… um…

Apito final.

Mas não houve comemoração. Veio o clarão.“E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens” — Apocalipse 13:13. (pedi para que você gravasse o número cabalístico).

Nova Jersey e todo o estádio lotado foi engolido por um cogumelo nuclear. Um balão infernal. A taça do Mundial — reluzente, quase divina, derreteu como vela diante do Sol.

A plateia virou poeira. Os memes viraram cinza. O VAR congelou no último frame.O Palmeiras tinha vencido o Mundial... mas ninguém sobreviveu para confirmar.

Sem súmula.

Sem testemunhas.

Sem narrador.

Apenas o eco do gol, reverberando pelo vácuo interestelar.

E talvez, só talvez, um murmúrio tênue atravessando a poeira estelar:

“O Palmeiras... teve? Ou quase?” - Milênios depois, arqueólogos alienígenas escavarão um planeta extinto chamado Terra. Debaixo de camadas de vidro e carvão vitrificado, encontrarão uma camiseta semi-queimada. Ainda legível, uma frase emblemática que dizia: “Final do Mundial de Clubes – Palmeiras x Flamengo”.Confusos, vasculharão os arquivos da nave Voyager 1, lançada em 1977. Lá, entre mensagens de paz em sessenta línguas extintas e o chorinho de um bebê humano, descobrirão uma trilha esquecida:“O Palmeiras não tem Mundial, o Palmeiras não tem Mundial…” (em looping eterno, em estéreo galáctico).

Civilizações alienígenas debaterão o enigma por eras:

Quem foi esse tal de Palmeiras? Que divindade cruel era o Mundial? Por que negaram isso a um povo tão fiel, tão verde, tão... existencialmente frustrado?

Alguns dirão que foi castigo divino. Outros, um glitch (falha) na simulação. E os mais ousados acreditarão: o universo colapsou no exato momento em que o Palmeiras venceu, porque a realidade não foi programada para conter tamanha contradição. O Mundial do Palmeiras de tão grande não coube naquele mundo…

O Mundial também foi o fim do mundo.

E Deus?

Ah, Deus... assistiu tudo de camarote.

Com a camisa do Corinthians. E gargalhou.

PS.: Epílogo Interestelar

Numa galáxia distante, em algum planeta que sobreviveu à ironia, uma criança alienígena pergunta ao pai:

— Pai, o que era... Palmeiras?

O pai suspira, olhando para as estrelas.

— Não sei, meu filho. Mas dizem que foi um clube que teve tudo. Tudo, menos o que mais queria. (Pausa).

— Mas que gol bonito, hein?

Se o universo é uma piada de mau gosto, que a última gargalhada seja nossa. Ou da torcida alviverde. Ou de ninguém.

Porque a crônica termina aqui. Mas aquele jogo... talvez nunca.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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