Justo Veríssimo: esse nosso (des)conhecido
Juntamente com seus colegas, Veríssimo jamais perderia a chance de votar contra o povo, derrubando, decretos do governo que fariam os ricos pagarem mais imposto
As novas gerações não tiveram a chance de conhecer Justo Veríssimo, um nobre deputado, personagem de Chico Anysio. Contudo, oportunidades não faltam para um encontro entre jovens (e)leitores e essa figura tão impoluta da política, digo, do humor brasileiro, pois sua presença é uma constante no You Tube, por exemplo.
O nome do personagem de Anysio, Justo, significa aquele que é íntegro, probo e reto. O sobrenome Veríssimo, por sua vez, significa verdadeiro. Percebe-se logo daí, a mais perfeita tradução das qualidades que abundam nos parlamentares brasileiros, mesmo que não se deva confundir realidade com ficção, tendo em vista que Justo Veríssimo existe apenas no campo da invenção. Logo, “qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais é mera coincidência”.
Se existisse na vida real, um parlamentar como Justo Veríssimo seria uma figura simplesmente execrável. Como ele nunca existiu, não saberíamos dizer se em algum momento as câmeras o flagrariam entornando uma garrafa de whisky em uma festinha entre amigos ou se seria visto, de arma em punho, perseguindo um homem negro pelas ruas da cidade. Também não é possível afirmar nada acerca de quais seriam seus posicionamentos em defesa de colegas que tramaram contra a democracia e seus planos para assassinar o Presidente da República, seu vice e um ministro da Suprema Corte. O que se sabe com certeza, é que o deputado em questão adorava dinheiro e sempre encontrava uma maneira de transportá-lo, fosse na cueca, numa caixa de sapatos, sacos, malas (de preferência conduzidas por um primo que pudesse ser morto depois) ou emendas parlamentares. Havendo a oportunidade, não tenhamos a menor dúvida que Veríssimo desviaria bens da República e os venderia no exterior. E quando o bicho pegasse, com os bolsos abarrotados de dinheiro e fingindo perseguição, fugiria na calada da noite para um país onde tivesse nacionalidade.
Juntamente com seus colegas parlamentares, Veríssimo jamais perderia a chance de votar contra o povo, derrubando, por exemplo, decretos do governo que fariam os ricos pagarem mais impostos e os pobres, menos. Sobre sua relação com o povo, justiça seja feita, Veríssimo sempre se mostrou autêntico, criando frases antológicas como: “Tenho horror a pobre” e “Quero que pobre se exploda”. Mesmo assim, os pobres continuavam reelegendo Veríssimo eleição após eleição. Não me recordo aqui o nome do partido político ao qual era filiado tão eminente parlamentar, mas isso não importa. Por ser um político tacanho e corrupto, a única coisa que é possível afirmar sobre o deputado Justo Veríssimo é que ele, se real fosse, jamais teria espaço no nosso probo, reto e íntegro Congresso Brasileiro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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