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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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Governo vive aliança tóxica com partidos que sabotam sua própria base

União Brasil, com três ministérios, lidera ataques contra Lula e escancara falência do presidencialismo de coalizão

Fundação do União Brasil, em 6 de outubro de 2021 (Foto: Reprodução)

O governo Lula 3 é alvo de uma relação abusiva com partidos da direita e centro-direita que compõem, mas não compõem a base do governo. Como um apoio político de Schrödinger, que é e não é ao mesmo tempo. Tomemos como exemplo o caso do União Brasil, que ocupa nada menos que três ministérios e possui forte presença na máquina pública federal, mas tem se revelado o parceiro mais infiel do bloco governista. Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (23) escancara o descompasso entre os cargos entregues e os votos negados por essa legenda, que, mesmo com assento no governo, atua frequentemente como linha auxiliar da oposição.

União Brasil, que tem um candidato declarado a presidente - Ronaldo Caiado, tem liderado ataques públicos ao Palácio do Planalto. Em abril, uniu-se ao PP — outro partido fisiológico e de viés oposicionista — em uma federação que simboliza a ruptura com qualquer compromisso real com o governo. Recentemente, no Salão Verde da Câmara, dirigentes da sigla como Antonio Rueda e ACM Neto não apenas atacaram a política fiscal do ministro Fernando Haddad, como descartaram qualquer possibilidade de estarem ao lado de Lula em 2026. ACM Neto foi direto: “Não faz sentido ocupar cargos e não estar com o governo em 2026”.

A frase do ex-prefeito de Salvador, que deveria ser vocalizada por um agente do governo, sintetiza a disfunção da aliança: se não há compromisso político com o governo, o que justifica a permanência do União Brasil em postos estratégicos do Executivo? A resposta talvez esteja na velha aposta do presidencialismo de coalizão, que parte do pressuposto de que distribuir ministérios garante governabilidade. Mas essa fórmula tem se mostrado falida — especialmente com legendas de perfil ideológico conservador e histórico de oposição, como o União Brasil, herdeiro direto do PFL e da Arena.

A lista de gestos hostis é longa. O partido já recusou convites para novos ministérios, assinou requerimentos para CPIs contra o governo, votou em peso contra projetos prioritários e ensaiou rebeliões internas contra indicados do próprio Lula. Até mesmo parlamentares com cargos ou vínculos diretos com o Planalto, como Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes, assumem o duplo papel de aliados técnicos e opositores velados. O que está em jogo é a lógica do oportunismo político: ocupar espaços no governo para extrair recursos e visibilidade, enquanto se distancia do ônus de apoiá-lo politicamente. Trata-se de um bullying institucionalizado contra a liderança de Lula, que se vê acuada por chantagens veladas e traições públicas — tudo isso patrocinado com cargos pagos por toda a sociedade.

Neste cenário, o governo precisa fazer escolhas. Não é mais aceitável manter uma relação tóxica com partidos que só oferecem instabilidade e desgaste. É hora do presidente Lula convocar sua base social, os movimentos populares, sindicatos e setores progressistas da sociedade para um novo pacto de mobilização. A saída para o Brasil não está em dobrar-se aos ditames abusivos do centrão, mas em fortalecer o elo com o povo — o único aliado que jamais traiu Lula.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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