Cortou para o centro, bateu de esquerda... é gol!
Não, não estou falando de uma jogada genial do Messi...
Não, não estou falando de uma jogada genial do Messi. Estou falando de um lance que aconteceu na política brasileira na última sexta-feira. Quando o governo Lula, ao que tudo indica, iniciou um movimento importante para colocar os pingos nos is do debate conjuntural. Com a assistência do PSOL, o governo levou a questão do IOF ao STF — uma ponte tática para levar esse debate também à sociedade.
Assisti a duas entrevistas — de Fernando Haddad e de Guilherme Boulos — que marcaram bem o que está por trás da movimentação da maioria no Congresso, que decidiu derrubar o decreto presidencial que calibrava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras. Quero crer que outros ministros e parlamentares da base também tenham feito o mesmo ao longo do dia, em entrevistas para rádios e TVs em seus estados.
A linha do discurso está clara: os congressistas que votaram pela derrubada do decreto querem que os mais pobres e a classe média continuem pagando a conta, enquanto os mais ricos (os moradores da cobertura, na figura de linguagem utilizada por Boulos e Haddad) sigam sem pagar nada — ou pagando muito pouco. Já o governo Lula propõe exatamente o oposto: que os muito ricos comecem, enfim, a pagar sua parte. Essa é a mensagem que, na minha opinião, deve ser repetida ad nauseam. Porque, volto a dizer o que já falei em outra oportunidade: quando o helicóptero desses bacanas tem um problema e cai num descampado, quem eles chamam é o SAMU. Ou seja, é o SUS que eles acionam.
Um segundo passo nesse movimento pode — e deve — ser o fechamento das torneiras para esses parlamentares. Já ficou provado que abrir não resolve. A boca do jacaré é enorme. Que se congele a liberação de emendas, por exemplo, para asfaltar o condomínio de luxo onde mora deputado que tenha apresentado a emenda. Aliás, nesse caso específico, seria prudente investigar mais a fundo qual empresa foi contratada e como esse contrato foi firmado.
A oposição vive dizendo que o governo precisa cortar gastos. Maravilha. Então comecemos pelos bilhões destinados às chamadas emendas PIX — boa parte delas sem qualquer critério estruturante. E algumas, por informações que circulam na imprensa, nem sequer respeitam princípios republicanos. Depois, avancemos sobre os supersalários, que o Congresso parece ter alergia em enfrentar. Na sequência, passemos para os incentivos fiscais dados a grandes empresas, que, na maioria das vezes, só aumentam os lucros dessas corporações, sem gerar empregos ou distribuir renda.
O movimento iniciado ontem pelo governo comprova uma tese antiga: quando a política vem antes da comunicação, as chances de assumir o protagonismo no debate aumentam. Que tenha sido esse o primeiro passo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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