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Leonardo Attuch

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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BRICS, o novo nome da paz mundial

Multipolaridade é essencial para a mediação de conflitos de uma ordem internacional justa e de diálogo entre civilizações

Êxito do BRICS desperta fúria de Trump (Foto: Reuters)

A Cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro marcou um divisor de águas para a construção de uma nova ordem internacional baseada na cooperação, no multilateralismo e na paz entre os povos. Diante de um cenário global dominado por guerras, sanções e instabilidade, os países do BRICS reafirmaram sua vocação histórica: promover o desenvolvimento sustentável, defender a soberania dos Estados e oferecer alternativas concretas à lógica imperial que ainda rege as relações internacionais. O BRICS, hoje, é o nome político da paz mundial.

Na sessão de abertura da cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sintetizou o novo papel do bloco ao afirmar: “Sua representatividade e diversidade o tornam uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos”. Composto por 11 membros plenos e dez países parceiros, o BRICS representa hoje 48,5% da população mundial, 39% do PIB global (em paridade de poder de compra) e mais de 70% das reservas conhecidas de minerais estratégicos. 

A superação do imperialismo e do colonialismo, que durante séculos serviram de base para a dominação política, econômica e militar das nações do Sul Global pelo Norte Global, é o passo indispensável para a construção de um mundo multipolar, justo e democrático. E é exatamente isso que o BRICS está fazendo. Ao condenar as sanções unilaterais, à margem do direito internacional, e ao defender a reforma urgente do Conselho de Segurança da ONU, o grupo se posiciona como protagonista da mudança.

No discurso de Lula, ficou evidente a crítica à atual estrutura da ONU, dominada por um sistema de veto excludente: “Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso”. Ele também lembrou que é “mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para assistência ao desenvolvimento”, o que demonstra que a escassez de paz no mundo não é resultado da falta de recursos, mas da falta de vontade política por parte das potências dominantes, que se impõem pela força e pela dominação ideológica.

Outro ponto decisivo da cúpula foi a rejeição explícita à militarização do espaço e à corrida armamentista. Em sua Declaração Final, o BRICS defendeu a criação de um instrumento jurídico multilateral para garantir a sustentabilidade das atividades espaciais e evitar o uso bélico do cosmos. Além disso, expressou preocupação com os riscos crescentes de um conflito nuclear, defendendo a retomada do controle de armamentos e da diplomacia como caminho para a paz duradoura.

Entretanto, não basta falar em paz: é preciso construir as condições materiais que a sustentem. Nesse sentido, o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) foi um dos grandes marcos da cúpula. Comandado por sua presidenta Dilma Rousseff, o NDB tem ampliado suas alianças e consolidado seu papel como agente estratégico de financiamento ao desenvolvimento sustentável. A admissão de Colômbia e Uzbequistão como novos membros reforça a ambição do banco em oferecer uma alternativa real ao sistema financeiro dominado pelo Ocidente.

Com financiamento próprio, diretrizes autônomas e foco no desenvolvimento de infraestrutura, transição verde e combate à desigualdade, o NDB se apresenta como a resposta concreta à exclusão sistêmica das nações em desenvolvimento. Ele não apenas complementa, mas desafia o monopólio de instituições como FMI e Banco Mundial.

O BRICS também avançou em áreas centrais como a cooperação em saúde global, a governança da inteligência artificial, o comércio com moedas locais e a agenda de financiamento climático, consolidando-se como espaço estratégico de formulação de políticas e de articulação de interesses compartilhados.

Ao encerrar a cúpula no Rio, o presidente Lula deixou claro: o BRICS é herdeiro direto do espírito de Bandung e do Movimento dos Não-Alinhados. É o instrumento institucional da luta do Sul Global por soberania, equidade e paz. Superar o imperialismo — seja ele militar, político ou financeiro — é essencial para que o século 21 não repita os horrores do século passado.

O BRICS é hoje uma alternativa concreta para todos que anseiam por uma ordem internacional justa e ancorada no respeito entre os povos e no diálogo entre civilizações. O bloco representa a esperança de que o mundo não seja mais governado pela lógica da força, mas pela força da razão e da solidariedade. A história já começou a virar. E o BRICS escreveu um belo capítulo no Rio de Janeiro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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