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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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A mídia brasileira falsifica a realidade do Tibete

Enquanto jornais do Brasil reproduzem narrativas das potências ocidentais, a realidade na região do Tibete é de estabilidade e desenvolvimento econômico-social

Bandeira da China é içada na Região Autônoma do Tibete (Foto: Reuters)

Por José Reinaldo Carvalho - A cobertura da mídia brasileira sobre a China, em especial sobre a Região Autônoma de Xizang — mais conhecida no Ocidente como Tibete —, tem sido marcada por desinformação, clichês e, sobretudo, por uma adesão automática à narrativa promovida pelos Estados UNidos e seus aliados no mundo ocidental. Repetem-se mentiras sobre “opressão”, “apagamento cultural” e “violação sistemática de direitos humanos”, enquanto se ignora, convenientemente, o imenso progresso alcançado pelo povo tibetano desde sua libertação pacífica em 1951 e, mais recentemente, na Nova Era inaugurada pelo 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), em 2012.

Em 5 de julho de 2024, o Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China divulgou um importante documento oficial intitulado "Direitos Humanos em Xizang na Nova Era". Este livro branco, baseado em dados concretos e evidências observáveis, reafirma a realidade de um povo que vive hoje em estabilidade política, unidade étnica, desenvolvimento econômico, harmonia religiosa e ampliação dos direitos sociais, civis e culturais.

O PCCh tem promovido uma abordagem centrada nas pessoas, em que o respeito aos direitos humanos passa, em primeiro lugar, pela eliminação da pobreza extrema, pela garantia de moradia digna, acesso à saúde, educação gratuita e trabalho protegido. Essa visão — falsificada pelos formuladores da imprensa ocidental — é mais efetiva do que qualquer retórica abstrata sobre "liberdades" desvinculadas da realidade material.

Mas, “a China oprime o Tibete ‘como uma cobra”, relata o site UOL (Universo On Line, reproduzindo texto da AFP, em fevereiro de 2024): “Se olhar as políticas atuais do governo da China, estão nos oprimindo, como uma cobra que nos asfixia lentamente”, afirma Penpa Tsering, líder da diáspora tibetana. Esta afirmação generaliza uma suposta opressão, sem considerar o contexto apresentado no white paper de Xizang, que descreve abertura religiosa, inclusão social e melhoria dos direitos humanos. Assim, outro ponto-chave do documento do Conselho de Estado chinês é a ênfase na democracia popular de todo o processo. Trata-se de um modelo político no qual as populações locais participam da gestão pública desde o nível das aldeias até os congressos regionais e nacionais, incluindo membros de todas as etnias. Assim, o povo tibetano tem voz e representação efetiva nas decisões que moldam seu futuro.

A acusação infundada de “genocídio cultural” — tão frequentemente ecoada por jornais brasileiros — é uma das mais absurdas. Em Xizang, o idioma tibetano é amplamente ensinado nas escolas, utilizado em veículos de comunicação e respeitado nas instituições públicas. O budismo tibetano é protegido por lei e há milhares de templos ativos, com comunidades monásticas funcionando com liberdade e segurança. A cultura tradicional é preservada e promovida com o apoio do Estado. Mas, segundo a revisita Veja, de 8 de julho de 2025, a “China reforça controle sobre práticas religiosas no Tibete”

Como se vê, as conquistas democráticas e culturais no Tibete, patrocinadas pelo governo da República Popular da China e o Partido Comunsta, não encontram espaço nas manchetes da imprensa ocidental — e tampouco em seus repetidores locais. Em vez disso, o que vemos são reportagens enviesadas, muitas vezes baseadas em declarações de ONGs financiadas por governos estrangeiros ou em informações prestadas por supostos “exilados”, cuja ligação com antigos senhores feudais e elites clericais tibetanas derrubadas em 1951 é, no mínimo, questionável.

Vale lembrar que, antes da Revolução Democrática conduzida na região, mais de 90% da população vivia como servos, sem direito à terra, à educação ou à própria liberdade física, sob o controle de uma elite aristocrática ligada a mosteiros. O que a China promoveu em Xizang foi uma ruptura com esse regime feudal cruel, garantindo aos tibetanos, pela primeira vez na história, os direitos mais elementares: terra, alfabetização, participação política e mobilidade social.

Então por que tanta insistência em pintar a China como uma vilã em Xizang? A resposta está na geopolítica. Os EUA e seus aliados não aceitam a ascensão pacífica da China e veem em qualquer ponto sensível — como o Tibete, Xinjiang, Taiwan ou Hong Kong — uma oportunidade para fomentar instabilidade, provocar divisões internas e manchar a imagem do país na arena internacional. Trata-se de um velho manual de guerra híbrida, onde os "direitos humanos" são utilizados como arma de desestabilização.

É lamentável que a maior parte da imprensa brasileira — ao invés de buscar a verdade com isenção — se preste ao papel de difusora de propaganda alheia. O jornalismo responsável exige escuta, checagem e respeito à pluralidade de fontes. Isso inclui, evidentemente, considerar as posições oficiais da China e, sobretudo, o testemunho dos milhões de tibetanos que vivem e constroem seu futuro dentro do sistema chinês, com orgulho e dignidade.

Como destaca o livro branco do Conselho de Estado: “Hoje, Xizang desfruta de estabilidade política, unidade étnica, desenvolvimento econômico, harmonia social e amizade entre diferentes religiões”. Essa é a realidade que muitos querem esconder — mas que precisa ser reconhecida com honestidade e justiça.

Para compreender a história

O Tibet é parte da China desde tempos imemoriais e sob a égide da República Popular da China, o Partido Comunista da China, promoveu a integração do povo tibetano com o conjunto das demais etnias da população chinesa, com pleno sentimento de pertencimento à unidade territorial, jurídica e política do país.

Nesta condição, ao longo das mais de sete décadas desde o triunfo da Revolução Popular e da vitória chinesa contra os separatistas, a região tibetana desenvolve-se, progride e moderniza-se em todos os sentidos - econômico, social, político, cultural e religioso. Desde 1950, o governo chinês tem buscado modernizar e desenvolver a região. A China investiu significativamente na infraestrutura do Tibete, construindo estradas, ferrovias, aeroportos, hospitais e escolas. Nos últimos anos, o governo chinês tem enfatizado a importância do desenvolvimento econômico e da erradicação da pobreza no Tibete. O governo implementou políticas para promover o turismo, a agricultura, a indústria e o comércio na região, e criou zonas econômicas especiais e incentivos para atrair investimentos.

O que o governo chinês não consente é a luta separatista, ainda mais nas condições em que esta é insuflada, instrumentalizada e financiada por forças imperialistas alienígenas.

A “independência tibetana” foi um produto da agressão imperialista contra a China nos tempos modernos. Os fatos históricos demonstram claramente que a “independência tibetana” não foi mais que um produto da agressão imperialista contra a China. O governo revolucionário chinês considerou que a expulsão das forças imperialistas do Tibete era uma pré-condição para o povo chinês salvaguardar a unificação nacional.

Um documento do Conselho de Estado da República Popular da China sobre a questão tibetana de 1992 assinala: "Em 1942, o governo local do Tibet, com o apoio do representante britânico, anunciou repentinamente o estabelecimento de um “escritório de relações exteriores” e começou a se envolver abertamente em atividades de ‘independência’. Com a oposição do povo chinês e do governo nacional, o governo local do Tibet não teve escolha a não ser retirar sua decisão. Em 1947, a Grã-Bretanha conspirou nos bastidores para convidar representantes tibetanos para participar da Conferência de Relações Asiáticas e até identificou o Tibet como um país independente no mapa da Ásia pendurado na sala de conferências e nas bandeiras nacionais. Os organizadores foram forçados a corrigir isso depois que a delegação chinesa fez um protesto severo.

Na época da fundação da República Popular da China em 1949, os imperialistas aceleraram seu conluio com separatistas pró-imperialistas no Tibet. Em 8 de julho de 1949, o governo local do Tibete emitiu uma ordem para expulsar funcionários do Escritório do Tibet da Comissão para Assuntos Mongóis e Tibetanos sob o pretexto de ‘proibir os comunistas de permanecer no Tibete’. Em novembro de 1949, o governo local do Tibete decidiu enviar uma “missão de boa vontade” aos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Índia, Nepal e vários outros países, buscando apoio político e militar para a ‘independência’ e deixando claro que isto ocorreria intensificando as atividades separatistas. Em 1949, o americano Lowell Thomas cruzou o Tibete disfarçado de “comentarista de rádio” do Columbia Broadcasting System para explorar a ‘possibilidade de ajuda que Washington poderia dar ao Tibet’. Ele escreveu em um jornal dos Estados Unidos: ‘Os Estados Unidos estão prontos para reconhecer o Tibete como um país independente e livre’. Na primeira metade de 1950, o armamento americano foi enviado para o Tibete através de Calcutá, a fim de ajudar a resistir à entrada do Exército Popular de Libertação no Tibete".

Naquelas circunstâncias, o Partido Comunista da China percebeu que a libertação do Tibete era uma questão de extrema urgência. Estes são os fatos históricos sobre a independência do Tibete em contraste com a unidade política e territorial da China.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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