A derrota de Milei e a vitória dos direitos humanos
Presidente argentino registrou sua pior derrota no Congresso. A semana teve o momento emocionante do anúncio das Avós da Praça de Maio. Foi encontrado neto 140
A semana foi complicada para Javier Milei. Na quinta-feira (10), o Senado aprovou vários projetos que eram rejeitados pelo presidente argentino. Milei reagiu com seu já clássico dicionário de insultos. Chamou o Congresso Nacional de “imundo”, disse que a vice-presidenta do país e presidenta do Senado, Victoria Villarruel, é “uma traidora” e afirmou que vetará os textos do parlamento. Na visão do governo foi “um golpe institucional” liderado por parlamentares do kirchnerismo.
Entre os projetos que tiveram respaldo dos senadores estão o aumento nas aposentadorias, a retomada de um fundo estatal de ajuda a pessoas com deficiência e um socorro financeiro para a reconstrução da cidade de Bahia Blanca, na província de Buenos Aires, que sofreu fortes inundações, em março, e registrou 16 mortos e mais de cinco mil desabrigados. Nos cálculos de Milei, sempre com foco nos números frios da economia, as medidas “vão gerar gasto público”. Ele entende que sua ‘motoserra’ - que simbolizou sua campanha e seus atos na Casa Rosada - não pode deixar de funcionar. Doa a quem doer. Milei acredita que só com o ajuste a economia voltará aos trilhos e a inflação não voltará a crescer.
Mas os senadores ouviram apelos dos governadores e das entidades sociais. Os assessores de Milei tentam agora reconquistar apoios políticos perdidos, como o dos governadores. Enquanto isso, outra notícia marcou a semana argentina. As Avós da Praça de Maio anunciaram que foi localizado mais um neto que nasceu num cativeiro da repressão militar. O neto 140, como agora é conhecido, teve sua identidade recuperada. As Avós estimam que outros 300 ainda não foram localizados.
O ‘neto 140’ nasceu há 48 anos quando sua mãe, a economista Graciela Romero, foi sequestrada durante a ditadura militar (1976-1983). Ela estava grávida de cinco meses e quando o bebê nasceu foi entregue pelos ditadores a outras pessoas. Ainda hoje Graciela e o marido, Raúl Metz, que eram ativistas políticos contra a ditadura, são considerados desaparecidos políticos. Quando Adriana Metz ligou para o neto localizado, ele disse: “Não tenho ninguém. Nenhum parente.” E ela: “Sou sua irmã. Eu sou sua família”. Adriana tinha sido a única sobrevivente daquela jovem família que teve a vida usurpada pelos ditadores. Tinha um ano e meio quando os pais foram sequestrados. O nome do neto 140 não foi revelado.
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