Gangues no Haiti ampliam uso de equipamento militar, diz ONU

247 - "Gangues ampliaram controle sobre Porto Príncipe e avançam para norte do país; uso de armamento militar e drones gera preocupação", diz o resumo de um relatório publicado na agência de notícias da ONU, na quarta-feira (2). 

A crise no Haiti foi o assunto de uma reunião dos membros do Conselho de Segurança sobre a situação no país caribenho, naquela mesma data. Na reunião, o secretário-geral-assistente da ONU para Assuntos Políticos, Miroslav Jenca, alertou que após paralisar a capital haitiana e interromper todos os voos internacionais, as gangues só fortaleceram sua presença, afetando agora todas as áreas da região metropolitana da cidade.

"Embora Porto Príncipe continue sendo o epicentro da violência, grandes ataques em Mirebalais, demonstram a crescente capacidade e intenção dos bandidos em  expandir seu alcance para o norte", relata a reportagem. 

A diretora executiva do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC) destacou o aumento da demanda por armas de nível militar, alimentando mercados ilícitos no país caribenho.

Ela também alertou para o uso crescente da tecnologia de drones por forças policiais e grupos criminosos. Segundo a chefe do Unodc, as gangues têm usado drones para vigilância há mais de um ano, principalmente para monitorar os movimentos da polícia e proteger suas zonas de controle.

Diante do avanço das gangues, o “colapso total” da presença estatal na capital pode vir a ocorrer de fato, alertou Jenca.

As conclusões apresentadas constam do oitavo relatório da agência ao Conselho, abrangendo os acontecimentos entre março e junho deste ano.

O governo do Haiti tem atuado no combate às gangues com o apoio de uma frágil missão estrangeira liderada pelo Quênia e de um grupo mercenário norte-americano. A presença de forças externas no país, no entanto, enfrenta forte resistência tanto de movimentos populares quanto de organizações da sociedade civil. Em meio à violência crescente, o Haiti vive uma grave crise humanitária, com mais de 1 milhão de pessoas forçadas a deixar suas casas e deslocadas internamente.