Fávaro anuncia R$ 516,2 bilhões no Plano Safra 2025/26 e critica juros altos
Ministro aponta Selic como entrave ao crédito, mas destaca esforço do governo Lula para viabilizar programa com volume recorde pelo terceiro ano seguido
247 - O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta terça-feira (1º) que o Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026 contará com R$ 516,2 bilhões em crédito voltado para médios e grandes produtores rurais. O anúncio foi feito durante cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O volume representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior, o que equivale a uma elevação de 1,5%. O ministro ressaltou que, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, o governo conseguiu manter a trajetória de expansão dos recursos. “Estamos priorizando o custeio e a comercialização, atendendo ao pedido das entidades, para priorizar o custeio”, declarou Fávaro.
Durante o evento, o ministro voltou a criticar a taxa básica de juros. “Confesso que achava muito difícil conseguir fazer esse Plano Safra recorde. Com Selic de 15% ao ano, e com todo respeito ao [Gabriel] Galípolo e à equipe do Banco Central, não consigo entender. Temos inflação controlada, gastos públicos completamente controlados ao contrário de fake news, com crescimento da economia, renda da população crescendo, desemprego caindo, e a Selic de 15%”, afirmou.
Fávaro destacou que o governo teve de fazer um “desafio gigante” para manter a atratividade do programa. “O presidente Lula determinou o esforço orçamentário para chegar a um Plano Safra tão impactante”, disse. Ele apontou que a alta da Selic prejudica a geração de funding para o setor agropecuário: “A poupança rural não é mais atrativa. Temos dificuldade de captar recursos para fazer o Plano Safra”.
Os juros cobrados nas linhas de crédito subirão entre 1,5 e 2 pontos percentuais. Para médios produtores, a taxa de custeio será de 10% ao ano, enquanto para grandes produtores chegará a 14%. As linhas de investimento terão alíquotas variando entre 8,5% e 13,5%.
Apesar da elevação, Fávaro argumenta que houve empenho do governo para evitar aumentos ainda maiores. “Foi um desafio gigante fazer esse Plano Safra, com esforço do Ministério da Fazenda. O governo absorveu a alta da Selic com equalização. Além de ser um Plano recorde, ele é estimulante. Ninguém gosta de pagar juro alto, e é indicador de recessão, mas estamos conseguindo superar esse desafio”, afirmou.
No setor financeiro, a avaliação é de que os custos elevados tendem a reduzir a busca por crédito para investimentos e aumentar a inadimplência. Grandes bancos já registram aumento de atrasos nas carteiras do agro, com inadimplência se aproximando de 2% a 3%.
Fávaro também defendeu o avanço nas políticas de incentivo a práticas sustentáveis. Propôs que o desconto de 0,5 ponto percentual nos juros de custeio — atualmente vinculado à aprovação no Cadastro Ambiental Rural (CAR) — seja estendido a produtores que utilizem bioinsumos e técnicas de conservação do solo. “Quem usa bioinsumos tem que ser reconhecido e ter desconto na taxa de juros, quem faz conservação de solo também”, afirmou.
O ministro sugeriu ainda que parte dos recursos a serem captados pelo leilão do programa Ecoinvest — voltado à atração de capital estrangeiro para blended finance — seja destinada à recuperação dos solos no Rio Grande do Sul. Ele citou o programa 365 da Embrapa como modelo de estímulo à cobertura vegetal contínua.
“O programa 365 trata da conservação do solo para suportar momentos de veranico. O Ecoinvest deve destinar recursos para produtores gaúchos fazerem a recuperação de solos”, disse. A expectativa do governo é captar até US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 12 bilhões) por meio do Ecoinvest. O leilão ficará aberto até 21 de julho.
Este será o terceiro ano em que o Plano Safra disponibilizará R$ 7 bilhões por meio da linha de crédito RenovAgro, voltada à recuperação de pastagens degradadas. Segundo Fávaro, os financiamentos têm “as menores taxas de juros” e contribuem para modernizar o campo e preservar os biomas. “Já foram recuperados 3 milhões de hectares com os recursos do Plano Safra. Vamos chegar até os 40 milhões de hectares, estimulando, fazendo a economia crescer e preservando o meio ambiente”, afirmou.
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